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Presidente da Embrapa diz que país será autossuficiente em trigo em 5 anos

 

              A presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá, foi a convidada da mais recente reunião do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), realizada no último dia 17, em formato híbrido, sendo presencial, na sede da entidade, na capital paulista. Coordenado por Cesario Ramalho, o Conselho do Agro da ACSP tem como objetivo propor reflexões que possam endereçar políticas públicas e modelos de desenvolvimento para o agro brasileiro.

              Na reunião, liderada pelo presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine, Silvia apresentou os próximos caminhos da pesquisa agrícola no Brasil, destacando quais serão as prioridades da agenda da Embrapa, que está completando 50 anos. Maior referência em Ciências Agrárias do país, a instituição desenvolveu tecnologias que contribuíram de maneira decisiva para moldar o modelo tropical de produção agrícola, que alavancou a evolução do agro nacional.

              Autossuficiência em trigo e descarbonização da agricultura - Silvia deu uma informação de impacto, afirmando que em no máximo cinco anos o Brasil será autossuficiente em trigo. Dos quatro principais grãos cultivados globalmente [soja, milho, trigo e arroz], o cereal é o único que ainda importamos em grande volume. Mas, nos últimos anos, devido exatamente à inovação em pesquisa agrícola promovida pela Embrapa, o cultivo do trigo está se expandindo do Sul para regiões mais quentes, como o Cerrado e até o Nordeste, o que vem, consequentemente, elevando a produção.

              Em sua exposição, a presidente da Embrapa discorreu sobre assuntos prioritários da pesquisa agrícola no Brasil, em particular as iniciativas de sustentabilidade, com foco na descarbonização da agropecuária por meio do desenvolvimento de insumos verdes, técnicas de manejo e sistemas produtivos. Nesta temática, elencou o avanço da Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e as tecnologias direcionadas à produção de soja e carnes "carbono neutro".

              Neste aspecto, Silvia pontuou que a Embrapa está trabalhando no desenvolvimento de métricas e indicadores, com base em critérios científicos reconhecidos internacionalmente, que resultem em dados oficiais capazes de comprovar a sustentabilidade do agro brasileiro.

              Tendências e desafios - No que diz respeito a outras tendências tecnológicas, a presidente apontou, ainda, que a instituição também direciona esforços para digitalização, transição energética, bioeconomia, nanotecnologia, edição genômica, bioinsumos, etc. "Queremos trazer a pesquisa de maneira mais célere para o produtor, sobretudo o pequeno e médio, atuando também com assistência técnica e extensão rural."    

              Ademais, entre os desafios, Silvia lembrou o sempre recorrente gargalo do financiamento público para pesquisa e a necessidade de atrair novos talentos para o quadro de cientistas da empresa. "Temos desenvolvido parcerias com a iniciativa privada, mas este modelo precisa ser aperfeiçoado a fim de gerar mais retorno para nós. Em relação aos recursos humanos, muitos pesquisadores estão se aposentando e estamos sem concurso há mais de uma década, o que obviamente dificulta a reposição."

              No encerramento, o coordenador do Conselho, Cesario Ramalho, acentuou: "a Embrapa é um orgulho para o Brasil. Com suas tecnologias, nossa agricultura se tornou campeã em produtividade, fazendo cada vez mais com menos." (FONTE: DIÁRIO DO COMÉRCIO)